O PROJETO UM QUÊ DE NEGRITUDE no seu décimo sexto ano de existência, apresenta o Espetáculo: “AGBARA OBINRIN- A FORÇA DA MULHER", o espetáculo acontecerá nos dias 15 e 16 de novembro, no Teatro Tobias Barreto, Aracaju/SE. Ao todo serão 3 sessões com um público de aproximadamente 3.900 pessoas.
O Espetáculo traz um mergulho na história de Maria Beatriz Nascimento, mulher, preta, sergipana, Quilombola urbana contemporânea, historiadora, poeta, ativista e pensadora.
Beatriz Nascimento sempre foi uma uma grande incentivadora da sua filha Bethânia Gomes, primeira brasileira promovida a primeira-bailarina numa companhia internacional de Balé, Bethânia é consagrada nos Estados Unidos e no mundo. A conexão de filha e mãe é tamanha, que ela sente a presença da mãe até os dias de hoje.
O Espetáculo será dividido em quatro atos, sendo eles nomeados de acordo com a obra "Eu sou Atlântica" de Alex Ratts. O Espetáculo vai fazer uma viagem no tempo, tendo como pontapé inicial os estudos e obras de Beatriz Nascimento e a representatividade de Bethânia Gomes bailando no palco e sentindo o Ôrí da mãe.
1º ATO – “QUANTOS CAMINHOS PERCORRO”
No palco teremos nuances do momento em que o Negro foi arrancado da sua terra, lutas foram travadas através do fato histórico da fuga/migração, a formação do Quilombo e a sua resistência cultural Negra.
Beatriz citou: “é importante levantar a África como uma verdadeira Atlântica do nosso mito.. para nós do Ocidente a África é um continente enterrado, é um continente que a gente não conhece muito... é um saber congelado, é um povo congelado, nas nossas relações, nas nossas comunicações, no nosso insconciente, no que eles são?
Daí a pergunta do negro nesse processo, relacionado ao Quilombo: quem é Quilombo, o que é o Quilombo hoje?”
2º ATO – “EU SOU ATLÂNTICA – TRANSMIGRAÇÃO, MULHER NEGRA E AUTO-ESTIMA”
Nesse ato acontece as festividades ocorridas no Quilombo. Vem trazendo através das Yabás a luta de mulheres fortes, uma luta de ontem e de hoje, contra o racismo e o preconceito racial na atualidade. e a correlação do grupo de cultura popular com o Orixá acontece por que a maioria dos grupos de culturas populares nascem nos Quilombos, "E por que estamos falando da força da mulher? porque estamos fazendo essa homenagem?;" Porque normalmente quem lidera esses Quilombos em Sergipe são mulheres.
Uma das citações de Beatriz Nascimento: “É um sistema diferencial, só que não é um estado de poder no sentido que entendemos: "poder político, poder de dominação" porque ele não tem essa perspectiva. cada indivíduo é o poder, cada indivíduo é o Quilombo”. “A terra é meu Quilombo, meu espaço é o meu Quilombo. onde eu estou, eu estou. onde eu estou, eu sou".
3º ATO – “É TEMPO DE FALARMOS DE NÓS MESMOS”
Agora os Negros conseguiram desenvolver uma vida em “liberdade”, “liberdade” de culto, “liberdade” de cultura... “liberdade” de ser. Iremos apresentar a festa das Yabás e a relação de Xangô e suas esposas Obá, Iansã e Oxum.
Em sua obra Beatriz Nascimento, declarou: “Nós temos uma nação mistíca, Angola. Como temos uma nação mistíca Ketu, como temos uma nação mistíca Gêge. É a recriação do estado primario desses povos na África. Por isso a necessidade de saudar e de chamar os orixás, os antepassados”.
4º ATO – “ A TERRA É MEU QUILOMBO – TERRA, TERRITÓRIO, TERRITORRIALIDADE”
Nesse ato lembramos que o fundamento do Quilombo é a terra, o homem se idenficando profundamente com a terra. No Documentário Ôri ela fala da sua saída de Sergipe e faz uma analogia:
“Ao chegar em Corvinal, mas o ambiente vivido é uma recuperação do passado, da vida que vivia em Sergipe. Canavial e todas as plantas, e tudo que a gente tinha contato lá. Então a defesa do homem é recuperar através do conhecimento da terra, recuperar sua identidade fecunda, seu próprio ego, como homem transmigrado”.
Em todo o seu estudo Maria Beatriz Nascimento nos indica os caminhos teóricos, político e metodológicos possíveis a serem intrigados para articular os múltiplos posicionamento que a condição racial, de gênero e a situação de classe nos impõe em especial no âmbito das relações raciais no Brasil, conformando o sujeito político e de conhecimento capazes de deslocarem e ressignificarem processos de reificação que suportam a subalternização racial e de gênero.
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